As três indicações de "Ainda Estou Aqui" ao Oscar mobilizaram o país inteiro —mas a produção não é a única representante do Brasil nesta edição do prêmio.
O curta "A Lien" é dos Estados Unidos, mas tem um brasileiro como diretor de fotografia. Descendente de italianos, Andrea Gavazzi nasceu em São Paulo e passou a infância e adolescência entre o agito de Roma e a tranquilidade de Campos Novos Paulista, cidade com menos de 5.000 habitantes no interior do estado. "Não tinha internet, eletricidade, geladeira. A gente tinha que usar um orelhão a três quilômetros de distância", relembra, em entrevista.
Andrea se formou economista na Itália, mas, em seguida, decidiu cursar cinema em Nova York — e assim achou sua vocação.
A obra é justamente sobre imigração. "A Lien" tem 15 minutos de duração e acompanha Oscar, um imigrante sem documentos que tenta obter a cidadania dos Estados Unidos. Ele leva a esposa e a filha —ambas americanas— para a entrevista. Lá, a família descobre que o processo legal também pode ser uma armadilha. O curta não tem previsão de estreia no Brasil.
A história se tornou ainda mais atual com as políticas anti-imigração de Trump. "A Lien" foi filmado em 2021, mas disponibilizado online em outubro de 2024. O diretor de fotografia conta que, na época das gravações, a ideia era falar sobre o que havia acontecido nos quatro anos do primeiro (e, até então, único) mandato do republicano. "Especialmente nos Estados Unidos, eles têm um jeito de 'se eu não passo por isso, não é meu problema'. Então queríamos educar."
Ele conta que "A Lien" é uma produção independente. Os diretores, os irmãos Sam e David Cutler-Kreutz, nunca tinham dirigido um curta. Sam trabalhava como diretor de clipes e propagandas. David, por sua vez, é professor do ensino fundamental: na semana do Oscar, ele vai se despedir de seus alunos para se dedicar à carreira audiovisual.